Uma ação da campanha Novembro Azul, alusiva ao Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, 17 de novembro, atraiu cerca de 70 pessoas à unidade de Estratégia de Saúde da Família (ESF) do Campo D’Oeste. O evento foi realizado pela equipe desta unidade e das ESF do Visconde de Araújo e do Novo Horizonte. Palestras, dinâmicas e um lanche reuniram moradores dos bairros para a transmissão de informações sobre a prevenção da doença e para a escuta de experiências de pacientes.
A médica endocrinologista da ESF do Visconde de Araújo, Rafaela Pessanha, frisou a importância de homens estarem em uma unidade de saúde para se cuidar. Ela advertiu que o câncer de próstata pode ser uma doença silenciosa e informou que de 13% a 15% de casos da doença cursam com exame de Antígeno Prostático Específico (PSA) normal. Especialmente homens com histórico familiar devem ficar atentos. A investigação é indicada em paciente a partir de 50 anos de idade. Mas caso haja histórico familiar ou se o homem for negro, os exames devem ser feitos a partir de 45 anos, conforme orientação da Sociedade Brasileira de Urologia.
“O câncer de próstata é o segundo mais comum nos homens. O mais incidente é o câncer de pele. Por isso é preciso estar atento aos principais sintomas que às vezes podem aparecer. Um dos sintomas apresentados quando a próstata está começando a adoecer são os urinários. Por exemplo: o paciente com dificuldade para urinar, com jatos mais fracos, ou urinando mais. Quanto antes se procura um médico para uma investigação, mais sucesso no tratamento. O PSA não é suficiente. Há necessidade de exames complementares, como o toque retal e a ressonância de próstata. Que o preconceito e o tabu sejam deixados para trás”, alerta Dra. Rafaela.
Também o médico da Estratégia de Saúde da Família do Campo D’Oeste, Ricardo Tigre, enfatiza a necessidade de cuidados e esclarece que o toque retal é um exame simples e não doloroso que oferece um diagnóstico melhor do que apenas a dosagem do PSA.
“A dosagem do PSA sozinha não é uma boa indicadora para o rastreio. A investigação deve envolver o PSA, a história clínica, o exame de toque e de imagem. Hoje o Novembro Azul não se restringe à prevenção do câncer de próstata. Ele é estendido ao cuidado com o homem. O conceito de que o homem só está doente quanto não consegue trabalhar precisa mudar. As medidas preventivas possibilitam identificarmos os problemas de saúde ainda no seu começo, conseguindo tratamentos mais eficazes para todas as doenças”, disse.
“Hábitos relacionados ao câncer de próstata são: o tabagismo, uso excessivo de álcool, consumo de gorduras, consumo de alimentos ultraprocessados, o sedentarismo e o padrão de sono. A promoção de uma vida saudável é fundamental, mudança de estilo de vida, não apenas o combate a doenças”, acrescenta o médico.
A enfermeira da ESF do Visconde Josane Soares, há nove anos atuando na campanha, considera que as informações têm chegado aos homens. “Alguns paradigmas estão sendo quebrados. A adesão tem melhorado. Com relação ao acompanhamento à saúde, temos buscado alcançar os níveis anteriores à pandemia de covid-19”, frisa.
Decisão que muda a vida
“Anualmente, desde os 45 anos de idade por ter histórico familiar, eu fazia exames exigidos pela empresa em que trabalhava. No final de 2005, surgiu a alteração nos exames. Nós temos que ser responsáveis pela nossa saúde. Se você tem alguma objeção em ser tocado, passe por cima disso, porque em uma situação de emergência num hospital você será. A questão é: quanto tempo você quer viver com qualidade? Eu tenho seis netos. Tenho um neto de 17 anos e outro que fará 16 anos de idade. Se eu não tivesse tomado esta atitude, eu não teria conhecido os meus netos”, conta emocionado Márcio Roberto da Costa (66).
“Este evento é importantíssimo, porque os homens acham que o câncer de próstata não dá em jovens. Mas o meu filho teve com 44 anos de idade. Ele foi operado e está bem. Já meu marido faleceu há 4 anos com câncer de próstata. Ele descobriu tardiamente”, adverte a moradora do Campo D’Oeste,Vera Lúcia Aded.
Durante o evento, graduandos de duas turmas do curso de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ/Macaé) que fazem estágio nas unidades básicas de saúde do município apresentaram palestra sobre medicamentos e fizeram uma dinâmica com os presentes sobre câncer de próstata.