Uma a cada quatro mulheres gestantes já sofreram violência obstétrica. A informação, alarmante, é do relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), publicado em 2019 e que alerta ainda para esta forma de violência como “um fenômeno generalizado e sistemático”.
Para promover o acesso à informação, ações de prevenção e combate às práticas, a secretaria de Políticas para as Mulheres realizou nesta quinta-feira (14), em sua sede, um cine debate seguido de roda de conversa sobre o tema.
A enfermeira e consultora internacional em amamentação, Livia Sá, e a enfermeira obstetra, coordenadora da associação de doulas do RJ e conselheira do COMDIM, Elaine Menezes, foram as mediadoras do debate. O documentário exibido foi uma reportagem especial do programa “Profissão Repórter”, produzido em 2018 e que mostra duas realidades opostas no Brasil, o crescimento do parto humanizado e as denúncias de violência obstétrica.
Ao iniciar a roda de conversa, Menezes lembrou que o Brasil é o segundo país no mundo com maior número de cesarianas. “Já assisti inúmeras vezes esse documentário e sempre é impactante, violento. E é só uma pequena fatia do que acontece no mundo afora. Culturalmente achamos que o parto normal traz riscos à mãe e a criança, quando na verdade o que pode causar danos é a má assistência a essa mulher”, avaliou a enfermeira.
Entre muitos relatos emocionados, uma das participantes, que preferiu não ter seu nome revelado, falou sobre a situação que viveu quando estava grávida.
“Venho de uma família de médicos e precisei contratar uma equipe de profissionais para garantir que não sofreria nenhum tipo de violência. Mesmo tendo dois planos de saúde, precisei pagar para ter um parto respeitoso”, comentou.
Na ocasião, foi lançada a cartilha “Você sabe o que é violência obstétrica?”, elaborada pela secretaria de Políticas para as Mulheres em parceria com as duas convidadas da roda de conversa. O material traz informações sobre os tipos de violência, as formas mais comuns, mitos para justificar a cesariana sem indicação, formas de prevenir a violência e como denunciar.
A coordenadora do Espaço Mulher Cidadã, Raquel Duarte, pontuou que o acesso à informação e a sensibilização acerca do tema são fundamentais para a redução dos índices de violência. “Esse foi o nosso objetivo com este cine debate, trazer o assunto à tona, dialogar com a sociedade e entender de que forma podemos desenvolver cada vez mais ações que combatam essa prática”, finalizou.